segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

PropertyOfZack Review = Patrick Stump

Historicamente quando cantores de bandas muito populares saiam do grupo que os tornaram famosos, o sucesso era garantido, mesmo que aquele cantor não tenha sido a força musical matriz. Chame isso de fenômeno Rod Stewart. Mas Fall Out Boy não era exatamente sua banda típica. Enquanto Patrick Stump pode ter sido o cara por trás do microfone, o baixista Pete Wentz é que estava na maioria das cabeças das pessoas, incluindo a dos fãs mais dedicados, o ostensivo vocalista da banda era ao menos conhecido do público. Mas enquanto a percepção popular colocou Pete Wentz no coração do processo criativo do Fall Out Boy, se torna rapidamente aparente, escutando o Soul Punk, como Patrick Stump era parte integral do som deles, especialmente porque o som da banda cresceu para corresponder a suas ambições. Soul Punk opera em um local sonoro diferente do Fall Out Boy, tem influências diferentes, mas há inúmeros tópicos comuns a serem seguidos de um pra outro, não há nada nessa progressão que pareça artificial e os fãs do Foile a Deux do Falll Out Boy devem se sentir em casa com o som viciante de Soul Punk e sua provocação desenfreada.

Para ter certeza, os vocais de Stump —usando toda a garganta sem entraves, suave com tons de soul, muitas vezes chegando a tons altos na beira do descontrole mas nunca passando dessa linha - são o mais claro link entre a banda e seu trabalho solo. Mas Soul Punk deu a Patrick muitas oportunidades de brincar com novas possibilidades vocais. Os versos de abertura de "The ‘I’ In Lie” e “Allie” fazem lembra do falsete do Prince; “Dance Miserable” é cheio de harmonias estilo swingbeat. Tem um momento em “Cryptozoology” em que Stump assobia “Some days I may express myself in curious ways” [alguns dias eu posso me expressar de formas curiosas] isso contribuiu para uma impressão perfeita de James Rick.

Mas é a habilidade lírica de Patrick no Soul Punk que realmente inova. No Fall Out Boy, Stump muitas vezes servia como uma espécie de bibliotecário para os pensamentos desgarrados do Pete, catalogando e organizando as revelações pessoais mais profundas e singulares de seu parceiro de banda transformadas em frases. Tinha uma espécie de clube para a abordagem do Fall Out Boy: ser um fã era como ser parte de um time (ainda que um time onde ninguém era bem vindo), um soldado no exército de manto Clandestine composto por jovens entristecidos e letras para marchar. No Soul Punk, Stump toma um rumo mais universal, repetidamente usando a primeira pessoa de forma geral como fazia Sly Stone e Marvin Gaye e grandes nomes do Soul dos anos 70 que ele claramente preza. Se o Fall Out Boy era "Nós contra o mundo", Soul Punk é mais como "Nós somos o mundo".

Como os pioneiros do Soul, o álbum mostra Stump tomando posturas morais e políticas, muito mais do que ele jamais fez no Fall Out Boy. Um dos benefícios de gravar solo é nunca ter de se preocupar em estar pisando no calo de alguém e Stump parece sentir liberdade em poder falar por si mesmo. "Greed" com seu “pop your while collars up // pop your white collars up” [ponha suas golas brancas pra cima], cai perfeitamente em sincronia com nossos tempos de Ocupe Wall Street, assim como o brakedown de "Dance Miserable", que são instruções para você [dançar como se estivesse desapontado com o mundo] “dance as if you’re disappointed in the world” sobre uma voz derrotada dizendo “unemployed // foreclosed // uninsured.” [desempregado // excluidos (no sentido de não ter como pagar hipoteca) // sem seguro] é um estilo de música pop que não tem estado na moda desde os tempos de "Living for the city" e "The Message" do Stevie Wonder; Com os tempos econômicos atuais talvez se assemelhando mais aos do final dos anos 70 e começo dos 80 do que a qualquer outro período desde então, é um retorno natural. Em um ponto de “Coast (It’s Gonna Get Better),” há uma fala dirigida extremamente esperançosa, Stump Canta “It’s gonna get better before it gets worse.” [Vai ficar melhor antes de ficar pior]. Mesmo quando ele esta tentando se acalmar, aquele tantinho de dissonância cognitiva aparece. Esses momentos são penetrantes e é do Stump o crédito por deixar isto fluir através de seu corpo em tal intensidade
Se Soul Punk tem um específico set de influências líricas, musicalmente ele é bem aberto, de sintetizadores e palmas como nos primeiros segundos da primeira faixa “Explode” até back vocals pop em “Coast.” No meio, Stump tira vantagem do playground sônico, fazendo um ping-pong com influências. “Allie” tem a introdução heavy metal que abre espaço para um verso digno de Prince e um refrão que poderia ter sido surrupiado de alguma melodia há muito perdida de Harold Melvin and the Bluenotes e de alguma forma a coisa toda sai muito natural. De fato, se tem uma habilidade própria do Soul Punk, ela esta na capacidade que Patrick tem de realizar uma perfeita fusão de sons que simplesmente não funcionariam no papel.

O ponto central de Soul Punk é um par de faixas, “Run Dry (X Heart X Fingers)” e “Cryptozoology,”: “Run Dry (X Heart X Fingers)” eram duas músicas que Stump acabou costurando em uma, "Run Dry" transforma a luta contra o álcool em um glorioso e rude hino de festa, através de um inspiração e justa posição proposital; “Cryptozoology” é uma homenagem efervescente à Morris Day e The Time (que em certo sentido podem ter sido velhos adeptos do Soul Punk), um jam elétrico de funk que encontra Stump aceso, destacado explodindo e com um pouco de injúria, o tipo que ele não perdeu desde a metade da história do Fall Out Boy no b-side “Snitches and Talkers Get Stitches and Walkers”. Juntas, as faixas gêmes siamesas são alternativamente agressivas, aventurosas, honestas, moralistas, vivas, dançantes e grudentas como nada mais. Elas formam um perfeito resumo de tudo que é distinto e grande no Soul Punk. O álbum é tão bom e tão bem feito como tudo que Stump tem feito até hoje, e isso significa alguma coisa.

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